"Sua marca pode estar lado a lado com conteúdos que inspiram inovação e conectam empresas a oportunidades reais. Associe-se à nossa newsletter, coloque sua logo em destaque e mostre que seu negócio está à frente no mercado. Fale conosco e vamos criar juntos histórias que posicionam sua marca onde ela merece estar."

Latest Comments

Nenhum comentário para mostrar.

A corrida mundial pelos minerais que movem a tecnologia e a transição energética coloca o Brasil no centro de uma disputa entre potências e oportunidades bilionárias.

Se conseguir alinhar tecnologia, sustentabilidade e governança, o Brasil pode se tornar uma das principais potências verdes do século XXI

O desenvolvimento de uma cadeia nacional de terras raras depende não apenas de pesquisa e inovação, mas também de acesso a crédito e financiamento de longo prazo.

As terras raras — grupo de 17 elementos químicos essenciais para a indústria moderna — estão no centro de uma nova corrida global. Elas são fundamentais para motores elétricos, turbinas eólicas, painéis solares, chips, smartphones e até sistemas de defesa. Embora o nome sugira escassez, esses minerais não são raros na crosta terrestre; o desafio está na extração e purificação em larga escala, processos que exigem tecnologia e alto controle ambiental

Quais são as terras raras

O grupo das terras raras é composto por 17 elementos químicos:
Lantânio (La), Cério (Ce), Praseodímio (Pr), Neodímio (Nd), Promécio (Pm), Samário (Sm), Európio (Eu), Gadolínio (Gd), Térbio (Tb), Disprósio (Dy), Hólmio (Ho), Érbio (Er), Túlio (Tm), Itérbio (Yb), Lutécio (Lu), Escândio (Sc) e Ítrio (Y).

Esses elementos pertencem, em sua maioria, à série dos lantanídeos, e são conhecidos por suas propriedades magnéticas, ópticas e catalíticas únicas. Por isso, são considerados insubstituíveis em diversas aplicações tecnológicas e de energia limpa.

O Brasil no contexto global

O Brasil ocupa uma posição de destaque no mapa mundial das terras raras. Estimativas do Serviço Geológico do Brasil (SGB) indicam cerca de 21 milhões de toneladas em recursos e reservas, o que representa aproximadamente 23% do total conhecido no planeta. As principais ocorrências estão em Goiás, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Paraná.

Apesar desse potencial expressivo, a produção nacional ainda é tímida — cerca de 20 toneladas anuais, muito abaixo dos grandes produtores globais, como a China, responsável por mais de 60% da produção mundial. Entretanto, novos projetos vêm mudando esse cenário, como o da Mineração Serra Verde, em Minaçu (GO), que iniciou a produção comercial em 2024 e pode alcançar 5 mil toneladas anuais de óxidos de terras raras, voltados para o mercado de ímãs de alta performance e veículos elétricos.

Desafios regulatórios e tecnológicos

O Brasil ainda não possui uma legislação específica para o setor de terras raras. A atividade é regida pelo Código de Mineração de 1967, considerado defasado para lidar com temas modernos como minerais estratégicos e sustentabilidade. O vácuo regulatório dificulta investimentos, licenciamento e segurança jurídica.

Outro entrave está no beneficiamento local. O país ainda exporta majoritariamente matérias-primas, sem dominar as etapas de separação, purificação e fabricação de produtos de alto valor agregado — o que mantém o Brasil fora da cadeia tecnológica de ímãs, semicondutores e baterias. O fortalecimento de centros de pesquisa e parcerias com universidades é vital para reduzir essa dependência.

Impactos sociais e geração de emprego

A exploração de terras raras traz oportunidades econômicas expressivas. A cadeia produtiva — que vai da extração ao refino e à aplicação industrial — pode gerar milhares de empregos diretos e indiretos nas próximas décadas.
Estudos do setor mineral estimam que cada emprego direto na mineração pode gerar até quatro indiretos, abrangendo transporte, engenharia, energia e serviços. Em projetos de médio porte, como o da Serra Verde, há potencial para mais de 2.000 postos de trabalho durante a implantação e 500 na operação contínua.

Além disso, a diversificação da economia em regiões interioranas pode promover desenvolvimento regional sustentável, especialmente em municípios com baixo índice de industrialização. O desafio é garantir que essa geração de renda venha acompanhada de condições dignas de trabalho, capacitação técnica e inclusão social.

Investimento em tecnologia e inovação

O domínio das terras raras depende fortemente de pesquisa, inovação e transferência tecnológica.

No Brasil, universidades e centros de pesquisa como a USP, Unicamp, UFOP, CETEM e o próprio SGB vêm desenvolvendo estudos sobre extração mais limpa, recuperação de resíduos e purificação de óxidos.

governo federal também tem sinalizado interesse em criar um programa nacional de minerais críticos, que inclui incentivos à pesquisa, financiamento de startups tecnológicas e formação de mão de obra especializada.

Há também parcerias internacionais sendo discutidas com Japão, União Europeia e Estados Unidos, voltadas ao desenvolvimento de tecnologias de separação e processamento — etapa que hoje é quase totalmente dominada pela China.
Sem domínio tecnológico interno, o Brasil corre o risco de continuar exportando minério bruto e importando produtos de alto valor agregado.

Financiamento e crédito para o setor

O desenvolvimento de uma cadeia nacional de terras raras depende não apenas de pesquisa e inovação, mas também de acesso a crédito e financiamento de longo prazo. A abertura de novas minas, a instalação de plantas de beneficiamento e o investimento em tecnologia exigem capitais intensivos e linhas de crédito específicas, com prazos e condições diferenciadas.

Instituições como o BNDES e o Banco do Brasil já estudam mecanismos voltados ao financiamento de minerais estratégicos, enquanto fundos privados e internacionais começam a demonstrar interesse em aportar recursos em projetos com foco sustentável e potencial de exportação. A criação de instrumentos de crédito verde e incentivos fiscais pode ser decisiva para acelerar a industrialização desse setor e transformar o Brasil em referência mundial na produção responsável de terras raras.

Fale com um especialista se sua empresa está buscando crédito.

Soberania e geopolítica

O domínio sobre as terras raras é também uma questão de soberania nacional. Atualmente, a dependência global da China, que controla a maior parte da produção e do refino, provoca tensões comerciais e pressiona outros países a desenvolverem suas próprias cadeias produtivas. O Brasil, com suas reservas expressivas, tem a chance de se tornar um player relevante e reduzir vulnerabilidades estratégicas, desde que consiga integrar ciência, política e indústria de forma coordenada.

A disputa EUA x China

A disputa entre Estados Unidos e China em torno das terras raras é um dos principais pontos de tensão da geopolítica contemporânea. A China domina cerca de 70% da produção e quase 90% do processamento mundial, o que lhe garante forte influência sobre cadeias produtivas globais — especialmente nas áreas de defesa, semicondutores, energia limpa e tecnologia de ponta.

Os Estados Unidos, em resposta, têm adotado políticas de incentivo à produção doméstica e imposto tarifas adicionais sobre produtos chineses que utilizam terras raras, com o objetivo de reduzir a dependência e estimular a criação de uma cadeia independente. Pequim, por sua vez, tem reagido com restrições à exportação de determinados compostos e aumento de tarifas sobre produtos norte-americanos de alta tecnologia, ampliando a tensão comercial.

Esse cenário tem provocado flutuações de preços, insegurança na oferta global e acelerado a busca por novos fornecedores estratégicos — o que coloca o Brasil, a Austrália e o Canadá em posição de destaque como alternativas potenciais para equilibrar o mercado e atrair investimentos internacionais.

Desafios e perspectivas

O Brasil tem diante de si uma oportunidade histórica — e um conjunto de desafios complexos.
Entre os principais desafios, estão:

  • Criar um marco regulatório moderno e específico para minerais estratégicos;
  • Aumentar o investimento em tecnologia e inovação, com foco em beneficiamento e refino local;
  • Estimular parcerias público-privadas para infraestrutura, energia e transporte;
  • Garantir licenciamento ambiental ágil e sustentável, com proteção de ecossistemas sensíveis;
  • Formar mão de obra qualificada em áreas de mineração verde e engenharia química.

As perspectivas, contudo, são promissoras. O interesse global por energias limpas e a transição para uma economia descarbonizada devem impulsionar fortemente a demanda por terras raras. Se conseguir alinhar tecnologia, sustentabilidade e governança, o Brasil pode se tornar uma das principais potências verdes do século XXI, combinando riqueza mineral com inovação.

O que está em jogo

O avanço sobre as terras raras coloca o Brasil diante de uma escolha crucial: ou o país se torna exportador de conhecimento e tecnologia, ou permanece fornecedor de matérias-primas brutas.
Investimentos em pesquisa, marcos regulatórios modernos e políticas de incentivo à inovação determinarão qual caminho será seguido.

A transição energética, a digitalização da economia e a reconfiguração geopolítica mundial tornam as terras raras não apenas um tema econômico, mas uma questão social e estratégica. O modo como o Brasil vai gerenciar esse recurso definirá seu papel na economia global das próximas décadas.

Fontes e leituras recomendadas

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2024-06/brasil-busca-se-destacar-na-producao-de-terras-raras
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cq5e7gpyg7do
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/terras-raras-o-que-sao-e-por-que-sao-tao-valiosas/
https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/noticias/terras-raras-ganham-espaco-na-agenda-energetica-do-brasil
https://www.valor.globo.com/brasil/noticia/2024/05/28/brasil-pode-ser-protagonista-na-cadeia-das-terras-raras.ghtml
https://epbr.com.br/terras-raras-o-proximo-capitulo-da-transicao-energetica/
https://www.reuters.com/markets/commodities/us-china-rare-earths-trade-tariffs-2024-05-10/
https://www.dw.com/pt-br/disputa-entre-eua-e-china-pelas-terras-raras-esquenta/a-68974542

CATEGORIES:

Uncategorized

Tags:

No responses yet

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *